26.5.06 

1 real

Estava encostado na barra de alumínio. O ônibus não estava exatamente lotado, mas nenhuma cadeira estava disponível. Segurava-se em outra barra que estava a sua frente e olhava para os passageiros sem nenhum ânimo. Estava terrivelmente cansado. Para sua surpresa, começou a observar uma moça que estava lhe encarando a algum tempo. Não tinha dado importância, mas percebia que aqueles olhos castanhos tinham alguma coisa familiar.

— Te conheço? — Indagou o moço.
— Talvez sim, talvez não. — Respondeu ela com um sorriso maroto no rosto.*
— Sim, sim. Não quero ser bisbilhoteiro, mas onde você trabalha?
— Montessori Cosméticos. Conhece?
— Não, nunca ouvi falar desse lugar. Tem irmãos?
— Dois. André e Davi.
— O André é um gordinho simpático e risonho?
— Não! Ele é um personal trainer na Academia Miyagi!
— Hmmm... Escola?
— Vinícius de Moraes.
— Ah! Eu também estudei lá! — Então notou que uma cadeira ao seu lado estava vaga. Não hesitou e sentou-se. "Está começando a ficar animado!", pensou. Ela não era realmente bonita, mas possuía uma beleza familiar e bastante exótica.
— Sabia que te conhecia de algum lugar! — exclamou ele — Hmmm... Fez qual série em 97?
— 2º ano. Lembra de mim?
— Engraçado... Eu também. Mas não lembro do seu rosto. Talvez no baile...
— Aposto 1 real como não consegue lembrar de mim.
— Está me desafiando? Tudo bem, apostado. Quem foi seu par no baile de formatura?
— ... — Fez um silêncio que incomodou a ambos e uma expressão constrangida.
— Quem? — Perguntou ele, curioso.
— Lembra da Lucinha?
— Claro, éramos grandes amigos. Ela foi com um outro grande amigo meu, o Hélio. — "Será que é ela!? Ela está tão diferente..."
— Então... Eu fui com ela no baile.
— Hããã!? — Pensou ter escutado outra coisa.
— Meu nome agora é Amanda. Você era meu melhor amigo...

Nessa hora, ele levantou-se atormentado da cadeira. "Parece um pesadelo!", imaginou rapidamente. Apesar de ainda estar longe de seu destino, tratou de descer rapidamente do ônibus. Amanda somente ficou com um sorriso desconcertado no rosto. Após descer os degraus da lotação, refletiu um último detalhe:

Ele deve 1 real para seu amigo travesti.


* Frase de autoria e de bastante uso do meu professor de História, Sérgio Feitosa.

Texto criado em uma aula de Português aí. Modificado, adicionando algumas coisinhas para evitar maiores buracos no textículo. Todos os erros gramaticais inclusos.

15.5.06 

Caos?

Caríssimos leitores, como o caos é morbidamente engraçado. Não, eu não moro em São Paulo (embora tenha um desejo de morar lá por uns tempos), mas vejo o quanto é amedrontador para certas pessoas essa desordem que, de repente, instalou-se na maior cidade da América do Sul. Por algum motivo, aquele caos que sempre teve um sotaque meio carioca nos últimos tempos, resolveu dar as caras com o nome de PCC em SP.

Uma realidade que é tão comum na "Cidade Maravilhosa" (que há tempos só é maravilhosa para os turistas... e olhe lá!) virou às avessas o estado inteiro. Atentados, ônibus incendiados, carros da polícia metralhados, comércio fechando as portas mais cedo e uma rápida evacuação do centro da cidade. Mera coincidência? Sim, claro... É isso que as autoridades querem nos fazer acreditar.

Acreditar que essa onda de violência que assola São Paulo é fruto de uma banalidade como a transferência do líder do Primeiro Comando da Capital para um presídio cada vez mais distante da capital paulista. Acreditar que tudo está sob controle, que o governador pefelista recuse o apoio de "tropas federais" (porque está mais do que claro que o Brasil vive uma guerra civil há alguns anos). Mas eu recuso essas afirmações convictas e cheias de orgulho.

Pois vivemos em um país que um mísero estopim pode parar a maior cidade do país. Pois vemos que está tudo sob o controle do medo. Que o orgulho de tal governante chega a tal ponto de recusar uma ajuda mais do que útil. Pois vivemos no "país do futuro", porque o presente não vale nada.

Esse post foi simplesmente para desabafar. Para dizer que não vou engolir situações como essas, simplesmente porque não acontecem na cidade que eu vivo.

Abraços.

14.5.06 

mãe

sf. 1. Mulher ou qualquer fêmea que deu à luz um ou mais filhos. 2. Fonte, origem. 3. Aquela criatura que te pertuba, que faz você ter raiva de viver em família em certos momentos, que preocupa-se com sua alimentação, vestuário e tudo que você imaginar, sem receber nada em troca e, independente da sua maneira, ama seus filhos incondicionalmente.

Na minha opinião, quem não segue esses conceitos, não deveria ser chamado por um nome tão poderoso como esse. MÃE.

Obrigado, dona Rita.

6.5.06 

A paciência aplicada a paixão

Eu juro como eu tentei esquivar esse assunto. Puxei para outras análises, falei sobre algumas características do relacionamento humano (especialmente sobre o ciúme, tema do último post)... Mas não tem como. Falar sobre paixão, amor... You know. Uma relação além da amizade e que, muitas vezes, causa experiências dolorosas e/ou prazerosas. Não dá para negar.

Não, eu não vou falar por mim dessa vez. Eu vou falar inspirado no que vejo em bons amigos meus. Gente que termina namoros, gente que batalha atrás da pessoa amada, gente que trai seu companheiro sem um pingo de vergonha, gente que acabou entrando em um triângulo amoroso sem perceber. Gente que dá a vida. Gente que esquece por causa do companheiro. Gente que luta para esquecer. Gente que luta para achar.

Mas tem algo que todas essas pessoas tem em comum: vazio. Aquele vazio chato de não ter aqueeeeela confiança. Aquele conforto de ter um amor/paixão garantido. E você pode ser aquele nerd mais escondido do mundo até aquele playboy mais escrachado, passando por aquela menina feliz e, às vezes, insegura, mas todos vão passando pelo mesmo ciclo. Ciclo reprodutivo, ciclo da "paixão", ciclo do "amor"...

Da solidão vai para o primeiro sentimento; depois vai para o processo de "conquista", podendo ser bem sucedida ou não; caso sim, os dois terão um relacionamento "estável", sujeito a todos os problemas e peculiaridades desse tipo de relação; caso não dê certo, ocorrerá a tradicional dramaticidade, a vontade de esquecer a "pessoa amada" (podendo dar certo ou não) e a busca de uma nova "pessoa ideal".

Como é engraçada a nossa trajetória amorosa. Lutamos por uma pessoa que, dependendo das situações, não nos dá o devido valor e, ainda assim, não hesitamos em dizer que ela é minha(meu) "amada"(amado). E isso inclui eu, que lutei por 2 anos pela pessoa que estou hoje. Não que eu me arrependa. Mas sei que nem todas as pessoas tem essa paciência e não podemos julgá-las para ser como nós fomos. E se uma pessoa tenta por uma semana, um mês, um ano, uma vida... Que seja. O que não podemos é ficar aí, tentando influenciar a maneira de encarar de certas pessoas com o nosso ponto de vista, que normalmente achamos que é o correto. Não só na relação entre os seres humanos, mas entre gostos pessoais em geral.


Eu juro que nem eu sei o que escrevi nesse post. Tentei reunir algo que atormenta minha cabeça desde ontem a noite, quando em um momento de delírio (maldita virose que peguei nessa semana), imaginei o que seria de nós se o amor fosse um ciclo biológico ou uma equação matemática. Será que ele já não é um?

Abraços a todos.

Perfil

  • Meu nome é Bruno. Ou bruN0. Você escolhe.
  • Sou de Fortaleza. Orgulhoso disso, aliás.
  • Gosto de: algo. Talvez mulheres, boa música, amigos e família respondam. Bem fácil de saber.
  • Odeio: verdura. Talvez luzinhas de natal e Dream Theater. E intolerância, sob qualquer aspecto.
  • Quer me ver sorrir? Não. Meu sorriso não é agradável a tal ponto.
  • Quer me ver rosnar? Se você latir e não bater com tanta força, ficaria divertido.
  • Um bom motivo para me conhecer: não sei. Eu é quem preciso conhecer novas pessoas, oras!
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